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Cercadinhos para seres humanos

Feliz 2010!

Um pouco tarde eu sei, mas ainda não entrei no ritmo de 2010, pra falar bem a verdade. Estou um pouco lenta.

Aliás, o tema de hoje é a virada de ano.

Acho um pouco tediosa essa coisa de fim de ano, todo mundo correndo sem saber pra onde para fazer tudo que não fez antes que um ano acabe e o outro comece.

Bom, ano passado resolvemos viajar para fugir do agito do fim de ano em Floripa. E, é claro, concluímos que muita gente faz isso também, vai pra algum lugar no fim do ano de férias.

O destino, escolhido por mim com ressalvas do meu marido, foi a gelada Nova York, a qual nem eu nem ele conhecíamos. Claro que levamos as crianças. Escolhi Nova York por que tínhamos um casal de amigos queridos por lá e por causa da neve. Achei que podia ser legal para as crianças e também pra nós.

Essa introdução não quer dizer que não tenha sido, a neve é linda e o frio de Nova York é muito gostoso… nos primeiros dias. Pegamos frio e neve de deixar os ossos da face meio enrijecidos e os dedos das mãos paralisados.

Na frente da janela do nosso quarto do hotel tinha um termômetro enorme, sempre que a temperatura baixava um pouco eu fotografava. Comecei fotografando menos 1º. Terminei fotografando menos 12º.

No dia 31 de dezembro foi o ápice da neve no período de 13 dias que ficamos na cidade. As folhas das plantas branquinhas, as calçadas e topos de edifícios brancos e o Central Park parecia ter um tapete branco felpudo. Tapete este que congelava o pé depois de meia hora de caminhada. E nós caminhamos por lá neste dia gelado. As fotos ficaram lindas e os pés congelados.

Ao voltar para o nosso hotel, que ficava na 7ª Avenida, com a Times Square ao final, por volta de 18h, as ruas já estavam interditadas. Policiais em toda a parte. Helicópteros voando já na escuridão. Sirenes pra todo lado. Detectores de metal sendo passado nas pessoas que entravam na avenida.

Cada quarteirão estava cercado por cerquinhas de ferro formando um quadrado e neste quadrado muitas pessoas cercadas de policiais cuidando das cerquinnhas que cercavam as pessoas. Redundante esta frase né? Mas é pra enfatizar mesmo, que as pessoas ficavam exatamente como animais, cercadas pra não fugir e facilitar o controle dos policiais.

Tudo isso num frio de doer até os dentes. Pessoas, a imensa maioria escolarizada, instruída, que se submetem a ficar no frio, cercadas como bichos para assistir uma bola descer do alto de um prédio à meia-noite num intervalo de tempo de 10 segundos. E mais, tudo isso sem bebida, sem música, sem fogos de artifício.

Segundo as informações, teve gente que chegou nas redondezas às 15h. Imagine só alguém que fica 9 horas no frio, em pé, dentro de um cercadinho, empurrada por mais um monte de gente, congelando, para ver uma bola descer do alto de um prédio.

Eu e as crianças ficamos no quarto do hotel e o Ferla foi conferir se era só isso mesmo ou tinha algo a mais que a gente não sabia que acontecia. Na hora da virada acordei porque as pessoas gritavam histéricas. Olhei pela janela, primeiro para o termômetro, que marcava -5, e depois pra baixo pra ver a multidão berrante. Fiquei olhando e, em minutos, inacreditavelmente, a rua estava vazia. Ferla voltou e confirmou que o Reveillon era aquilo mesmo – a tal bola que descia.

A bola desceu, o povo se foi, o frio continuou e  no dia seguinte as cercas foram removidas dando espaço novamente para os carros. E nos telejornais os repórteres mostrando imagens de um dos Reveillons mais famosos do mundo.

Ainda bem que tudo isso só acontece uma vez a cada ano (e nos Estados Unidos).